Apagão

Por trás desse sorriso tem um abismo, no qual do fundo não vejo luz. Mas sei que ela existe.

Se eu olhar direito, consigo ver um filete passando por alguma fresta. Esta fresta às vezes se abre e me cega com a claridade de um céu lindo, com pássaros de longa revoada, anunciando tempos de paz.

Mas de repente ela volta a se fechar,

e eu, com um grito calado, despenco novamente na penumbra em plena luz do dia.

As manhãs vêm e vão. As lágrimas, outrora grossas, secam, substituídas por sorrisos fáceis.

O problema é que não sei até quando conseguirei viver

nesse acender e apagar de luzes.