In Memoriam

*Porque amo poesia, partilho, hoje, com meus amigos Recantistas, dois textos de meu irmão, Roberto Jorge, que retornou à casa do Pai amoroso. Essas palavras – e muitas outras - tornaram-se eco da saudade permanente. Sobre o tempo de sua partida não me reporto aqui, desapeguei-me do tempo. De que nos vale o tempo? Não importa o tempo, a mim só importam os vínculos. E nós tivemos tempo o bastante para eternizá-los.

“?....................!”

Eu não sou um homem perfeito. Nem de todo imperfeito. Não sou puro, nem de todo impuro. Não sou bom, nem tampouco me considero mau. Gosto apenas de crer em tais palavras, e penso serem elas não totalmente certas e sábias; sei somente que são a expressão do meu caráter autocrítico e justo, que emanam do meu coração.

Muitas pessoas me consideram “poeta” por ter eu parido algumas poesias. Não querendo desfazer da opinião delas, discordo, em parte, pois os poucos anos de vida que tenho ensinaram-me a ver o poeta que existe em cada um de nós.

A arte de escrever consiste em uma das muitas formas poéticas de se ordenar pensamentos, expressar sentimentos, fazer elogios, declarar amores, segredar confissões, transcrever sonhos e muitas outras coisas imagináveis.

Acho cabível a seguinte opinião: Todo homem se faz poeta no momento em que realiza, na sua profissão, a função que recebeu por dote genético, ou àquela com a qual aprendeu a lidar de maneira serena, não turva.

Vejo nos traços característicos de um pintor, belas poesias em formas curvas, retas, claras, incertas; como também nos cortes de uma talha; ou nos padres, os sermões; nos mestres, as lições; nas vidas, as paixões; nos velórios, os caixões; nas noites, a escuridão; nos pobres, o prato de feijão; no pescador, o lance do anzol; no maquinista, o acender do farol. Enfim, cada um, em sua arte de procurar sentido na vida e forças para transpor as barreiras desta, creio eu, deita e levanta todos os dias um “poeta”.

Encerro minhas palavras ressaltando minha admiração e amor pela mais bela e perfeita das poesias, a natureza, imagem e semelhança de Deus!

Autor: Roberto Jorge*

O Mundo é meu Professor!

A quem me amou

E amor em vão dedicou

Dedico o desprezo e o vazio

Que entre nós ficou.

A quem eu amei

E o amor em vão dediquei,

Dedico a indiferença e o tempo perdido

O qual gastei.

A quem nunca amei

E momentos em vão, por este

Não passei,

Nada dedico, só guardo

No peito um lugar ao sol

Para ele.

Mas! A quem nunca me amou

E por mim nada perdeu

Dedico a vida e o amor,

Que pelo mundo nada ergueu

E o barco o qual navegava, pelos

Mares da vida se perdeu.

Autor: Roberto Jorge*

Roberto Jorge
Enviado por RosalvaMaria em 11/04/2014
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