( Paralelas )

( Paralelas )

Delasnieve Daspet

São infinitas as distãncias

Que carecem de ressonâncias...

Descreio da fantasia do completar-se,

Da inteireza do amar-se...

Creio, entretanto, na verdade que circula

Nas frestas da realidade.

Creio e tenho fé, que a gêmea alma

que me abraça, não compartilhe tudo comigo,

mas na infinita força que nos une,

cria maravilhas no entardecer...

Sou dissimulada, tanto,

Que, creio no que digo,

herdeira que sou do sonho

envolvente do poeta.

Creio nos mistérios femininos,

Dos sentimentos que nos tornam,

- homens e mulheres, -

frágeis e obscuras folhas,

no estado de fusão completa e mística

Do desejado amor.

Mesmo que se esteja próximo,

Mesmo que unidos,

somos radicalmente separados um do outro,

somos duas pessoas diferentes.

linhas paralelas,

insubstituiveis, intransferiveis, incomunicáveis...

De que amor falo nesta fresta ?

Pois que o amor une em vários momentos,

preservando a individualidade, radicalmente distinta,

suportando a solidão da incompletude!

Paralelas que se encontram e que não se unem,

Que se curvam, mas não se juntam,

Não existindo a cumplicidade

Não é facil a vida a dois...

E sonha o poeta da noite,

Sorri o poeta da luz,

Vive o poeta de sonhos,

Rima pobre construirá!

** 22 setembro 2005

Campo Grande MS 23,40 hs

Delasnieve Daspet
Enviado por Delasnieve Daspet em 09/05/2007
Reeditado em 10/05/2007
Código do texto: T481232
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