Trinta anos
 
Da janela do meu quarto, via Madalena.
Uma moça forte e destemida. Seus olhos me encantavam, seu brilho me deixava nas alturas. Todos os dias, a jovem ficava no ponto de ônibus na expectativa do coletivo. Havia dias que eu ficava contemplando por minutos e houve dias que a apreciei por horas, graças à greve dos funcionários do transporte urbano.
De longe a via, de perto a sentia.
Madalena era uma donzela.
Passado alguns dias, no momento do ônibus passar, não a vi mais. O sofrimento veio, a dor tomou conta de todo meu ser. O lamento passou a ser meu cântico e o alivio o meu suspirar.
Eu era um homem sozinho, coloquei um anúncio no jornal da Praça com os seguintes dizeres:
- Preciso de uma boa moça que cuide do meu aconchego.
Certo dia, bate em minha porta.
Era Madalena forte e destemida, a procura da vaga de serviçal.
Madalena não foi apenas a serviçal, mas foi minha dama, minha mulher, minha rainha por trinta anos.
Valmir Silva
Enviado por Valmir Silva em 19/06/2014
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