Sombras no Platô da Gólgota

Não tenho explicações lógicas para as imagens que narrarei a seguir,

apenas surgiram em minha mente....

A visão marejada ganha asas

e voa sobre uma colina solitária

sua geografia lembra um crânio humano.

No horizonte o Sol já se deita no entardecer

e a Lua Cheia surge refletindo o azul

dos sagrados lírios azuis egípcios.

Sombras surgem no platô da Gólgota,

são incontáveis e transfiguram-se

sobre as caveiras abandonadas no solo.

Uma voz vinda da cruz no alto da colina

repete sem cessar:

-Vem a mim...vem a mim...vem a mim...

Mais sombras surgem por todos os lados,

umas brincam no seu estado etéreo,

outras chamam por seus pais

e muitas choram de fome e dor.

As brumas vão cobrindo as planícies

enquanto a noite se deita na imensidão

do veludo negro da esfera celeste.

E a mesma voz vinda da cruz continua:

-Vem a mim...vem a mim...vem a mim...

Enquanto isso, o mundo deseja o sono profundo

para dormir seus pesadelos mundanos,

porque todos os dias matam crianças

e roubam sua infância e seus sorrisos.

O martírio é apenas uma questão de tempo,

apenas o sofrimento irá perdurar

e a ilusão será sequestrada pela realidade

diante das sepulturas à céu aberto.

Diante desta cruz todos cairão,

deixarão seus corpos lamentando a morte,

mas, ainda assim, serão confortados

pelas sombras do platô da Gólgota.