DISSONÂNCIA

Um calor gostoso me invade, deixando – me enlanguescida, e meu olhar perdido tateia o vazio à procura de sua imagem... 
não está, mas ecoando no espaço, vibrando num resto de poesia, ficou a sua voz, rouca e suavemente sensual, impregnando de
sonhos e fantasias, o meu pequeno mundo.

Já a tarde morre e um Sol pálido dardeja seus raios por entre as cortinas mal cerradas,
num último adeus...

O tempo cobra o regresso à realidade e o enrubescer do crepúsculo lembra que a primeira estrela já está para nascer... é a dissonância que surge na harmonia do
meu momento perfeito, o momento em que vivo só por você e para você. 

Os eflúvios líricos de sua voz ainda
ressoam nos meus ouvidos anelantes e um suspiro resignado brota do meu coração entristecido... o momento passou...você se foi... mas outra tarde virá...

Volto, agora, para a minha realidade; é a máscara que uso.
Só você conhece a essência daquilo que sou, só com você vicejo, desabrocho, sou eu mesma. Só lamento o pouco tempo que temos, para sonhos tão bonitos, mas não deixo rolar meu pranto, pois apesar de tudo, quando estou ao seu lado, sou a mulher feliz que a máscara não mostra na realidade dos meus dias...

Arianne Evans
Enviado por Arianne Evans em 08/09/2005
Reeditado em 22/09/2005
Código do texto: T48681