ESCRAVOS DE UMA EXISTÊNCIA...

[O silêncio não é ausência de som...

Silêncio é aumentar a freqüência que se está...

A energia é quem canta...

A música varia de acordo com o estado.]

Somos assim: uma matéria, com o prazo de vencimento marcado no rótulo, até que se assuma a real imagem nos escondemos entre mil outras faces. E em sono eterno, nossos personagens vão se dissolvendo, empoeirados na cochia. Aplausos despertam a dor, dentre os corredores escuros, já não se sabe se é começo ou fim, um sentido sem um pleno sentimento, orgia de idéias borbulham e não sabemos se somos pó ou pedra, a roupa que nos cabe vestir, não serve, ficou pequena enquanto nós, os protagonistas de máscaras em vão, nos perdíamos no espaço, que por direito de existência é nosso.

A cada luz que se desliga uma incerteza a mais, a clara sensação de não possuir controle de nossos próprios sentidos, a bailarina gorda caminha de vagar, o palhaço traiçoeiro vaga dentre os corredores coloridos, a puta, o velho, o triste, a menina, o mudo, o assassino, todas várias face que usamos se fundem em nós.

Nos misturamos entre palco e platéia, assistimos muito bem acomodados nosso palco vazio, enquanto nos deliciamos com nossas páginas em branco, caminhamos em um suicídio diário, rumo à sina de ser aquilo que nos acomodamos a ser...

Ficamos atordoados a olhar tempo do segundo se repetir rotineiramente, com sensação de novamente não alvorecer. Assistimos o tempo se prender nas vozes daqueles que se calam, e inertemente nos direcionamos rumo ao ritmo da estagnação, ao longe já se ouve a música, esta que mutantemente descompassada, por muitas vezes se dissipa, e a trajetória acelerada não mais em frente segue... a dor cede, o coração pulsa constantemente, mas nada sentimos. A angustia sussurra um grito inexecutável. Essa é a dimensão na qual, nada se transforma, tudo em potência, nada floresce

Rafaela Rezende
Enviado por Rafaela Rezende em 17/05/2007
Reeditado em 21/05/2007
Código do texto: T490993