Sobre nada
—Tudo em paz?
—Tudo em ordem! E aí?
—Tudo em desordem
—Vamos arrumar
Só não podes desanimar
Coloque em ordem tudo que está a perturbar
—Me sinto confortável assim
No caos e desgraça eminente
Combina com a natureza humana
É o que habita em minha mente
—Você está certo em gostar assim
És um ser que parece amar tudo em si .
—Pelo contrário, nada em mim é agradável
Me faço bom pra parecer um pouco mais afável
Um coração odioso também merece ser amado
—Amado ao invés do contrário
Até um otário pode ser relembrado como um ser amável Idolatrado amante da poesia
E sem anestesia te faço encarar essa busca fria
Entre o amável e o odiável .
—A busca findou-se antes de existir
Nasci errante e me manterei assim
Pra mim nada vale a pena
No mundo, nos outros, em mim.
—O mundo é um lugar cruel
Onde ninguém tem ou pode ter um pedaço do céu
Vida imunda e sem sentido
Quem diria que fosse tudo um paraíso?
—Não sei quem o diria
Terra, paraíso? Mentira!
Dentro de cada um só desespero e medo
Vivemos no inferno
O céu é um engano ledo
—Que enredo! Vivemos em um mundo de mentira e desespero
Onde todos têm rótulos e ninguém pode ser perfeito
Que direito diz não? Eu digo sim, foda-se, enfim .
Prosa poética sobre nada. (Interação entre Johnata Macedo e P. Alves)