NASCENTES



Não me dou por exilada
diante de poentes,
porque minha alma
é um cisne preguiçoso,
e puros são meus olhos,
e meu canto é teimoso.

Minhas asas tornam-se mais fortes,
à medida dos meus vôos
mas não me estendo sobre a treva,
nem  persigo, em círculos,
luzes bruxuleantes  na noite...

É no silêncio interior
que restauro as reservas dos meus sonhos,
e que, ao anoitecer, disperso vaga-lumes
para iluminar minhas veredas.

O coração dança
como o vento por sobre as águas.
Na ronda de um invisível céu,
é que, infinitamente,
destilo luz dos ocasos.




(republicação, 2006)
imagem: Super beautiful photos (fb)