Acredita ela que está livre do inferno
Acordei por volta das quatro horas, estava linda a aurora, como a linda deusa. Era um dia novinho, com novas expectativas, novos ideais, tudo novo. Isso me fez esquecer a promessa de não escrever mais.
A esperança havia voltado ao coração, que batia, agora, firme e forte. Estava, realmente, tudo muito diferente, pelo menos dentro de mim.
O Criador caprichou naquele despertar; com árvores, pássaros e um céu lindo de se ter vontade de voar em rumo ao infinito.
Enfim, parece que o paraíso vai retornar; verde, belo, silencioso e calmo.
Um pedacinho de chão para viver a sonhada paz, enquanto os demais sonhos não me arrebatam.
Vou esperar paciente, pois o tempo é tão somente um conceito, tão subjetivo quanto à vida, mas que tornamos real.
Daqui a pouco verei o mundo se abrindo em flor para todos, como uma linda primavera em campos e jardins.
Nesses instantes, sim, instantes, pois tudo passa tão depressa que parecerão uns segundos, estarei pronta para recomeçar do zero, deixando renascer em mim as folhas e flores.
A vida abrirá um lindo sorriso, e eu, obviamente, a corresponderei, sorrindo com os lábios, com os olhos, com o coração e com a alma.
Então, o Senhor observando esse quadro, levar-me-á ao cume do Monte Sião, de onde avistarei o mundo inteiro em uma única alegria, a simples felicidade despertada pela existência.
Depois serei transportada para os braços daqueles que me amam. Ali farei abrigo na terra, enquanto não chega a hora de abrigar-me no colo do Senhor, e passar a eternidade gozando dos seus afagos.
Mas, enquanto na terra, de vez em quando cantarei cantos os quais não chegam a encantar os homens, contudo me trazem paz. Não faltará a mão suave do Espírito Santo, bem como sua doce e melódica inspiração.
Serei momentaneamente feliz, muito feliz, como os anjos que tocam harpas e entoam louvores ao Senhor; louvar-lhe-ei eu também.
E quando chegar a hora de partir irei alegre, e deixarei esses hinos para as flores, os pássaros, o verde das árvores, o canto do mar, o som silencioso do vento, e, principalmente, para quem mantém fina relação com o próximo.
Serão hinos de exaltação ao amor, à beleza que ainda existe no mundo, e a todas as coisas que nos elevam aos céus.
E já vem despontando o sol, fortalecendo minha fé no porvir. Seus raios iluminam meu mundo, tornando-o mais reluzente.
Os pássaros voam e cantam como se dissessem amém, junto com Cristo e seus seres celestiais. É tudo muito belo; e eu mergulho fundo em mim para despertar a alma adormecida por medo das circunstâncias, e lhe mostro outro olhar.
Algumas nuvens povoam o céu, mas são passageiras, pois me parece que o tempo de voar em firmamento claro chegará em breve.