Lisboa
Lisboa
canto da cidade
entre autocarros e taxis buzinando no dia a dia...
Oito da manhâ
Pára o mundo
A 2ºcircular abranda
no pára, arranca...No arranque e pára...
Carros em fila indiana
dia a dia
Tic-Tac...
Escola, trabalho
Trabalho, casa...
Rotina que nos desgasta e embate num carro que não o nosso....
Cinza o céu, reflexo da tristeza do Homem
poluição que nos cerca
insatisfação que nos sufoca
Trânsito que nos mata...
Lisboa,
Jardins celestes que nos juntam em seres que não nossos
entre livros e bancos
árvores e galhos
milho. pombos e velhos que descartam as suas cartas...
Entre reformas e fugas...
Entre mágoas que passam e gargalhadas sonoras que vivem...
Quatro da tarde...
Príncipe Real
Belém
Ajuda...E outros que o porto seguro não me trás à memória.
Lisboa
seis da tarde...
Sorrisos tremidos
cansados e consumidos
tic-tac...tic-tac
pára, arranca....
Sonhos de café...Mesas de bilhar....Umas imperiais pelo meio...
Para esquecer...
Lisboa
Nove da noite
tic-tac...Tic-tac...
O coração não pára...
Adormecidos no sofá
tristes pelas escolhas feitas...E se...? E se...?
Ou alegres pelo que têm....
E a noite termina aqui....
Lisboa
meia-noite...
A noite brilha, e a madrugada encanta
Ilumina-se as ruas chamando o Natal
Frio que nos abraça e regala entre corpos e cobertores...
Gays, travestis, e mulheres dançando na rua olhando reflexos que se esbatem noutras que já foram...
Música, festas...
Bêbados e drogados,
seres morimbundos e gente feliz
cantando um fado
ouvindo Marisa
vestindo Amália
e recitando Fernando Pessoa....
Lisboa
despertar...
Nascer do sol sobre a ponte 25 de Abril...
Orvalho da manhâ que escorre nos vidros...
Acordar feliz nesta cidade...
Cheia de podres como todas
mas tão cheia de luz como poucas....
Lisboa!