Observação
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Mais uma vez pressinto teu clamor inocente,
Teu meigo sorriso postado em líricos versos,
Que o trovador sem timidez aspira fremente,
No sopro manso de amores ainda dispersos,
E a necessidade que habita a minha mente,
Cochicha em outros tantos cantos inversos,
É uma meiga gestante de alegria coerente,
Longe das almas dos homens perversos,
Coloca-se o poeta nas previsões deste inverno,
Habitando tranquilo numa arguciosa emoção,
Adormece sereno num canto imaculado e terno,
Transpassando o difícil entendimento da razão,
E no arremate de tarde, preso aos fachos de luz,
Experimento-me como colorida pandorga no ar,
A desnudar-me pelo teu encanto que me seduz,
Redescobrindo o doce e delicado deleite de amar,
E enquanto o dia vai se despedindo no horizonte,
Procuro-te junto a estas sutis carícias do vento,
Minha busca é incontável mesmo que eu conte,
Por tamanha a grandeza do meu sentimento...
Que reste-t-il de nous amour