Poeta epoesia

Os mortos se levantam para recitarem poemas.

Onde estão os poetas?

Por que se calam entre os mortos?

A flor que suspira traição,

Está em frente a mim,

entre outras faces que riem do que é belo.

Na sua poesia, o poeta se perde,

deixando a sua vida junto,

e folhas caídas mostram o reflexo.

Os lobos fazem a colheita,

de pétalas secas e fúnebres.

Escondem a vida serenas,

de olhos fechados vive o Rei,

que no meio fica como espantalho,

para espantar todo o mal.

Flores que cantam vagos hinos,

para toda a alma penada,

mostrando o caminho para o inferno.

Canções de morte, as flores rejeitadas protestam,

reivindicam suas vidas, tomadas pelo anjo caído.

O anjo que anda com o cajado maligno,

está a decidir o que fazer com as cores.

Pela sombra anda, em direção ao Rei,

que insiste em espantar todo mal,

mas não percebe que sua alma é o próprio Lúcifer.

Da memória do poeta,

resta apenas a dor,

em pó se transformou todo o seu verso.

Agora, vive só,

embaixo da figueira.

Dionísio
Enviado por Dionísio em 21/05/2007
Código do texto: T496025