Saudades de Mim

Rosa Magaly Guimarães Lucas

– Eire

Ah, quantas saudades eu tenho de mim

Quando me vejo a andar trôpega assim,

Quando olho, e não vejo mais direito...

Quanto me fere a alma e dói-me o peito

Por não ter mais à frente a amplitude

Que eu entrevia em minha juventude...

Que saudade me traz a minha infância

Quando tudo era em mim a doce ânsia

De tocar, conhecer, e desvendar

A vida, a morte, o sonho, o despertar!

Comigo havia então avós e pais

Que há bem tempo se foram... não estão mais

A me amparar nas quedas e nas dores,

A enfeitar-me os cabelos com flores

Multicoloridas, perfumosas,

De beleza sutil, igual às rosas

Que me faziam dormir e sonhar,

Tornando-me encantado o despertar.

Que saudades eu tenho dos amigos

De meu pai, minha mãe... fieis abrigos

Aonde eu repousava, e em descanso,

Por serem para mim doce remanso.

Eu vivia num mundo tão gentil...

A mim me parecia um céu de anil!

A vida era p´ra mim pista de dança,

E nela se volteia, não se cansa,

O corpo jovem, esguio, e resistente

aos embates da vida... é um combatente

a tudo que se oponha ao ardor

da mais sideral forma, que é o amor.

Eire
Enviado por Eire em 22/05/2007
Código do texto: T497227