Uma prosa patética

Como prometer o céu

e não chamar Deus

para assinar um contrato?

Há um pacto

e uma plantação de cactos

no percurso

e o discurso é sempre o mesmo,

o bom e o mau

e para o playground, no além,

o Senador também vai, Senhor?

Ele mentiu, traiu,

bem mais do que eu

e poderá subornar o porteiro.

Pedro, tenho medo,

que o mensalão se aposse

de todo o condomínio

e que no mínimo

eu não tenha onde ficar.

Como é que vai ficar,

se os Arcanjos lavarem suas mãos

e no inferno, de terno,

Lúcifer bater o martelo,

com pose de um genuíno bom menino

e convencer o Dono do Firmamento,

que para ele ainda há salvação?

Com ele eu não vou não,

pois ele por certo desviará a merenda

da escolinha de formação de futuros anjos,

formando bandos, coligações,

dando falsas versões para a Bíblia,

como já faz para a Constituição.

Com ele eu não vou, não,

prefiro o caldeirão,

pois já estou acostumado a suar,

ralar, sofrer e a não ter,

tudo o que eu podia ter tido,

não fosse o partido bandido,

banido e readmitido,

para ser patrão.

Com ele eu não vou, não.

Vá você, mas peça muita proteção,

pois não há uma única justificativa sequer,

que explique querer

o que nem o Diabo quer.

Garfo ou colher?

Depende do cardápio.