Hoje de manhã...

Hoje de manhã, ao acordar de meu repouso, eu,

sem querer querendo,

comecei a prestar atenção no dia que

também acordava.

Olhando pela fresta da janela

do meu quarto de dormir, eu conseguia

perceber as nuances que o dia ia tomando.

Uma tênue claridade de luz que se atrevia

e se impunha na escuridão que ainda

reinava no meu lugar de morar.

Eram os primeiros raios do Sol que

já chegavam iluminando meu quintal

do meu lugar de morar.

Vinha já da sua caminhada por outros lugares,

e deixando uma certeza de que,

onde houvera passado,

havia cumprido o que a vida

lhe determinara fazer:

dar manutenção à vida dos seres

que habitam nosso planeta e os deixava

na quietude da noite, companheira fiel do

repouso de todos nós.

Como que acompanhando o meu

lento despertar, pois que eu também

vinha aos poucos tomando

consciência de mim, ele também

impunha-se com sua claridade e

seu calor de uma forma lenta e

gradual e aconchegante, necessária,

bem vinda e gostosa!

Aos poucos eu percebia que

a Natureza o acompanhava nesse acordar

porque, sentindo sua presença,

dava os primeiros sinais,

também, de sua vida exuberante.

Pássaros aqui e acolá se saudando

uns aos outros, e à vida que os animava

nesse mais um dia que nascia.

As flores, até então recolhidas no

repouso da noite finda, abrindo

como um espreguiçar nosso para,

também, saudar a vida que renascia, mas,

que renascia só por existir sempre

em cada cantinho de espaço desse nosso planeta.

O sono e o descanso de todos os

que viam aquele novo dia, havia sido

protegido, havia sido vigiado e a vida,

em sua forma latente, havia sido preservada,

havia sido respeitada, havia sido mantida.

De forma misteriosa, sublime, incondicional,

a minha vida e a vida de todos aqueles seres

que estavam, junto comigo, tendo o privilégio de

despertar, havia sido conservada.

Eu agradeci e senti que não há expressão

de amor maior que esta que todos nós recebemos

todos os dias e que todos nós deixamos

de perceber todos os dias:

a minha vida a cada novo despertar;

a sua vida a cada novo despertar;

a vida de todos nós a cada novo despertar;

A vida! A vida! A vida!