Descoberta...

Hoje, é mais um daqueles meus dias de escuridão. Um daqueles dias em que o sol não entrou pela janela do meu quarto por mais que eu a deixasse escancarada. É um dia sem luz, um dia em que o amanhecer não chegou, em que a noite sem lua se estendeu durante horas demais.

Hoje, meu choro verteu novamente, cheio de uma dor lancinante, cortante, daquelas que rasga a carne, verte o sangue e faz ferida na alma.

Hoje, acordei assim. Não daquele jeito em que o sorriso rola solto. Não daquela forma em que a luz invade as frestas da janela. Não daquele modo que a vida saúda a graça de estar vivo.

Não, não foi assim que acordei hoje.

Hoje, meus olhos não abriram, meus lábios emudeceram e minhas mãos ficaram inertes.

E qual o motivo para tanta dor? Pergunto a mim mesma, mas a resposta não ecoa dentro de mim. Não há um motivo único. Não há uma razão conclusiva. Não há nada que explique o por quê do meu dia não florir. Não encontro a causa da laceração da minha alma. Não recebo a resposta para a angústia que me invade e que expulsa de mim qualquer raio de luz.

Nada me convence a me levantar e sorrir.

E, o que sinto? O que essa escuridão provoca em mim? O que a falta de luz faz com o meu interior? Isso, eu sinto. Ah! como eu sinto essa dor pungente que machuca demais a gente!

Ah! como eu sinto a impotência que me invade quando me vejo impossibilitada de interferir em fatos que a vida escreve...

Como é frustante ter de ficar inerte, vendo o desenrolar dos fatos, sem poder fazer nada para mudar o curso da história que o tempo está escrevendo!

Nada faz sentido quando nos vemos impedidos de ir em busca de alguém que faz de nós uma pessoa melhor, que nos faz sentir a vida pulsando dentro de cada célula do nosso corpo, que faz nossa alma vibrar à simples lembrança de que ele está lá, intocável, intangível, mas, profundamente real, profundamente dono da nossa vontade, da nossa vida e da capacidade de nos fazer felizes.

Nossa! Acho que acabei de encontrar a causa de mais esse meu dia de escuridão...