Aqui jaz um futuro, ou sangrando-me e dançando um jazz

Esgotado, desesperado, sentindo-me fútil e inútil, cada segundo parece uma segunda, cada segundo pesa como muros, trabalho estudo e toda a maldita vida cotidiana me dá ânsia, sorrisos bonitinhos escarram cinismo, já me sinto bem menos do que era, a vida já me falta, e nesse momento que escrevo isso, talvez suplicando que alguém possa me entender, talvez com o resto das forças que de repente falharam e tardaram, e toda a vida que se foi como uma ejaculação precoce, talvez só esteja implorando um braço amigo. Braço que serve como consolo como qualquer amputado, somos só, e só sempre seremos, daqui me largo, me estiro, me prendo, não me permito. E uma voz que grita pare, sair na rua pesa, cada passo leva milhões de condenados, do chão já não me vejo mais, o relógio insiste num velho e tórrido alarme, e é bom retornar essa velha face sombria que daqui nunca se afastou, estou entrando em territórios antigos e ao mesmo tempo novos, parece que tenho que esboçar um sorriso mesmo estando podre, e até morto por dentro, já não sei mais como me encontrar, perdi-me absurdamente naquele sábado a tarde e naqueles tragos, imploro que me encontrem, talvez em um futuro eu possa, talvez o futuro já não é mais o que era, o futuro simplesmente jaz escondido em uma sombra escuro, escrevo sem pensar e sem respirar, dar me algum tempo seria simplesmente parar, e é preciso ir, ir pela fúria insensata de estradas, de rasgar-me inteiro se assim for preciso. Sim preciso rasgar-me, deixar-me sangrar, deixar que todos o sangue e pernilongos saiam, preciso despir-me arrancando a própria pele e deixando entranhas expostas. Preciso de ti, preciso simplesmente tomar um sorvete, e a vida de adulto e todas as reflexões estão para sempre perdidas. Como o olhar nas montanhas andinas só comparado com o teu. Como precipícios que me vício. A vida inteira buscando precipícios onde possa me lançar, diante da maior beleza, e do maior sucesso, só busco o abismo onde possa me jogar. A vida inteira se deu em perdido, o tempo não passa e a esperança esta morta