Aprender a usar as asas

Minha vida se passou num parque de diversões, tudo tinha sido construído para chamar a atenção, assim ficou difícil conhecer a mim mesmo.

Me perdi num labirinto de espelhos, e entrei em desespero, quando saí encontrei uma gorila monstro que tinha sangue nos olhos, e eu ainda acuado em pânico, atônito... Fui levado à montanha russa do terror, para ver se eu saía do choque.

Em algum ponto do caminho as minhas mãos me traíram, eu fui cair numa agonia, eu via um poço sem fundo numa vertigem infinita, e por vezes encontrei equilíbrio, mas sempre havia algo que me desestabilizava de novo.

No meio deste sufoco, fui aprendendo a me controlar aos poucos, me lembrei que já tinha ouvido aquele ditado popular, de que Deus dá asas a quem não sabe voar. Enquanto eu gritava e esperneava a procurar minhas asas, percebi que elas sempre estiveram nas minhas costas, e mesmo sem acreditar resolvi conferir, e não é que eu consegui? Tão fácil assim?

Agora, ainda apesar da inércia e da velocidade da descida, talvez ainda antes do fim da queda, eu ainda possa aprender a usá-las, mesmo tendo sido cortadas e amarradas, mesmo estando fracas e amarrotadas, mas que por terem ficado esquecidas, voltaram a crescer largas.

Talvez se eu encontrar uma corrente térmica, eu possa ir voar lá em cima e espalhar meu amor na Terra, pois isso eu tenho de sobra e sei que no mundo falta.

Pensar no amor a crescer, só isto me faz sorrir.

Ricardo Selva
Enviado por Ricardo Selva em 09/10/2014
Reeditado em 15/10/2014
Código do texto: T4993552
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