MINHAS POESIAS

MINHAS POESIAS

O que eu poetizo por esses dias afora não está pautado nos poetas clássicos ou nos grandes poetas livres que eu cultivo ler.

Eu sinto as poesias que escrevo como meros reflexos filosóficos de meu dia a dia. Talvez meio áridos e na maioria das vezes pouco românticos.. É que eu vivo filosofando, assim como um grande número de pessoas o fazem ,mesmo quando não se apercebem disso.

Embora uma pessoa tenha somente a simples bagagem de seu conhecimento empírico,e, ainda que esse cidadão atravesse a vida sem ter acesso ao mundo da retórica,ainda assim, ele trabalha sua mente com sofismas e silogismos o tempo todo no discurso de seu pensamento.

Se nos detivermos nos rápidos intervalos que nos proporcionamos a observar a beleza do que nos rodeia, sempre,sobrarão argumentações que se forem externadas ou registradas,provavelmente poderão transformar-se em poesias. É assim que se deleita um poeta, de instantes, por vezes registrados como escritas lógicas,às vezes contraditórias, às vezes belas num primeiro momento, significativas ou não num segundo momento, mas sempre imprimindo seu impacto em cada releitura

O embate de ideias de uma cabeça para outra é primordial para o enriquecimento da criatividade.Não falo aqui de alcançar a identificação universal nem de perceber a expectativa de emoção do leitor, mas de transcender.

Porque minuto a minuto acontece permuta de significação no sentido do que pensamos.

Portanto, mensurar a profundidade de uma poesia é difícil para quem tem conteúdo poético entremeado na alma.

A poesia, por si só, dá subsídios à significação de cada palavra jogada numa expressão.

A não permanência de uma ideia no sentido do que escrevemos pode garantir a perenidade de uma obra. Mas, não importa perenidade ou publicidade. Importa é a certeza de contribuir para um lastro de ideias, porque ideias esgotadas se renovam de outras ideias alimentando-se indefinidamente. Por isso escrevo, para me sentir colaboradora, com gotas minúsculas de vocábulos que talvez possam servir de alimento para manifestações de grande efeito a bons escritores.Escrever para mim não é apenas expor minhas inspirações,escrever para mim é uma necessidade.Ainda assim minha poesia pode parar a qualquer momento, ou nunca ser lida, porque estamos sempre em movimento. Para cima.. para baixo... para fora.Eu sei que poesia exige pendor,mais para ler do que para escrever. E eu vou continuar lendo.. Paulo Leminski, Paulo Henriques Brito, Fernando Pessoa.Francis Russell ( frank O`Hara.) Ferreira Gullart , Arnaldo Antunes.

A poesia do mundo registrada num simples papel pode ser uma lanterna iluminando tópicos da vida que inconscientemente nunca nos detivemos a observar.

O desejo de trabalhar o pensamento com o etéreo e o concreto semeia a observância do sofrimento e da alegria humana no autor e no leitor. È por isso que a poesia mesmo quando não nos repassa o puro lirismo de estar vivo, nos faz enxergar o próximo.

JOYCE RABASSA