A continua tarefa do ser

Uma vida de descobertas divinas e controversas que entediam,

expostos a experiencia marcante e fadados a repetição que esgota,

dados ao amor que espanta e a rotina que desencanta,

Presos ao transcender que demora, e a sequencia que aflora.

Vias contrárias do mesmo, correntes de um duplo confessar,

derivados em causa no existir: é um partir, um servir, uma contemplação que serve para a utilização, uma atualização.

Vezes alguns dizem: -mas que devoção pelo devir? -Quero sentir! que tentação! Que emoção!

De outro modo, outros retrucam; -não quero ideia, não quero platéia, sou um sensível, minha vida é a praça! Devo transcender, minha vida é ser, ver, e obedecer ao verbo sempre no presente.

Daí o que dizem os poetas:

-Quantos dias amarrados; -Quantos sóis renascidos, Quantos amores perdidos, quantas guerras travadas.

Nada de mais, fim de um particular esgotamento, um acabamento.

Já a matéria, para seu fim, é natural que realize sua arte e pense sobre sua capacidade máxima de atualização de sua essência, pois, para descolar da sua crença, não é necessário apenas ver seu corpo ir ao indeterminado de possibilidades, mas também descolar de seus dogmas, sem determinar sua vez, seus dias, seus passos, como atores desse mundo narrado, contínuos na função de sociedade.

Pingado
Enviado por Pingado em 22/10/2014
Reeditado em 23/10/2014
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