Demência

Sussurros

do tempo.

Imagens borradas de um passado que teima em permanecer.

Sem fluir com o fluxo das marés, estagnado passado, assombra o presente, impune.

Visões de outros passados, quase esquecidos, teimando em ocultar-se nas dobras do tempo sem ontem nem hoje, apenas vislumbres outonais precedendo ao inverno da alma.

Congelada nas ondas da vida segue inexorável a fiadeira do destino: a vontade.

Entre percalços e acertos, apostas altas nas escolhas sem temer as consequências.

Mente dispersa nesse infindável desfile de atos, fatos, delírios insanos, desejos profanos e sonhos sagrados.

Há demônios a espreita de um deslize, ocultos nas sombras que assombram a mente, enquanto buscam a alma dos dementes.

Há anjos que velam, perseveram, sabedores da luz que teima em brilhar nos corações, embora tremulamente, ainda constante.

Livres em cada escolha, agrilhoados as sementes lançadas impensadamente!

Mudam os céus, as estações, a própria Terra!

Segundo leis cósmicas além do entendimento, seguimos entre a sanidade e a demência, passado-presente-futuro.

Como se razão e coração fossem guias confiáveis neste mundo onde a ilusão é o mestre inclemente.