Algo precisa nascer

Sinto que algo aqui precisa e urge nascer, não sei exatamente o que é, e, sinceramente, não sei o que quero dizer, se é que quero dizer algo, sinto que algo precisa nascer. Se essa urgência por um nascimento é tanta, é porque a morte já invadiu as ruas, pelas estradas crucifixos e pó sobre faces, fatos, retratos , me largo. Já estou morto. A vida tava vindo, dezenas e dezenas de aplausos como arrotos, um sucesso esperando-me no horizonte, estava tudo indo bem até que o clima de morte me atraiu e subiu as estrelas. Hoje no céu não a mais luz, a algo engasgado que não sai de jeito nenhum. Voltando para casa hoje, o que é um fato curioso, só se volta para casa se, em algum momento, se saiu dela, e, nesses últimos dias nem isso tem acontecido, estava tudo bem numa tranquila numa boa e de repente, não mais que de repente, as ruas se fizeram monstro, o coração disparou tolamente, senti frio embora estivesse muito quente, um medo mais absurdo que tudo, e não estava lá, meu corpo sim, mas era tudo automático contemplando o absurdo que pode ser uma caminhada por São Paulo, ou o absurdo de uma noite sobre minha ótica. É. Esta tudo morto, preciso me livrar desses pedaços que exalam morte, para que algo possa nascer