Gestos de palavras: Lavrador

Era eu de vez em quando despejando sorriso na bacia das almas. Eu achava que isso era almejar. Enquanto passava a pedra de sabão nas vestes eu desconfiava que aquela peça não iria ser alvejada. Não pelo sorriso, não pela intenção, mas àquelas alturas alvejante nem era mais necessário. O alvo saíra da mira, tomara outra posição.

Mas eu insistia em colocar meu sorriso no quarador.

Mas sempre vinha o sol e esturricava as intenções. Por conta disso nunca aprendi a lavar roupa direito.

Pois eu pensava que na bacia se resolveria tudo. Que sem bacia eu não alvejava nada. Que se eu não alvejasse a minha intenção de sorrir, não me caberia usar a palavra que eu almejava. Que se minha alva semente de luz não fosse plantada naquele solo eu não conseguiria dar meus passos de lavrador.