ROGO

(...)aflição de te amar, se te comove e sendo água, amor, querer ser terra" - Hilda Hilst -

E sendo mar, assim tão inconstante, adormeço nas ondas densas de afagos enquanto rogo aos deuses, santos e pagãos: - Misericórdia, misericórdia! Faz-me terra, um porto um tanto mais seguro. Asseguro-vos que assim sendo, sendo assim, entenderei a pulsação que vai na palma. E que amar é qual sereno, leve, leve. É brisa, brisa fresca e constante. É alma mansa e não essa tempestade febril e enfermiça que cansa e eriça os nervos em alarde. E arde à flor da pele. E inflama a calma, tornando irritadiça toda a lava que ia adormecida, afastando possibilidades; as possíveis e as improváveis.

Misericórdia... Faz-me terra e, devotada, apagar-se-ão as chamas que consomem este meu mar. Faz-me terra, passos firmes, resolutos, já que luto pela calma em tanto amar...

ROGO – Lena Ferreira - nov.14