" O TEMPO QUE ACONTECE "

O velho se fazia despercebido.

Levantava ao alvorecer.

Plantava arroz, milho, o feijão,

bebia água na bica, com as mãos,

em concha, só para as sentir juntas.

De dia era o sol, de noite a lua,

andava por ali, bastava-lhe

o tempo que acontece.

Tinha um hábito: empalhava pássaros,

era seu jeito de ter asas.

_"Não sei..., não sei..." Sabia do seu jeito

de não saber..., tão simples!

Exalava de si a mesma claridade do sol, da alva,

de si . Bastava-lhe o tempo que acontece.