Meu querido "Poeta"

Vinicius de Moraes, "Antologia Poética", Editora do Autor, Rio de Janeiro, 1960, pág. 96. Conheça a vida e a obra do autor em "Biografias".

Soneto de Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento

E em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.

A poesia do “POETINHA” VINÍCIUS DE MORAIS,

Passei para leitura direta, analisando-o

Antes de tudo, serei atento ao meu amor, sempre e tanto, que mesmo em face do maior encanto, dele (do amor), se encante ainda mais meu pensamento. E quero vive-lo ainda que em vãos momentos e em seu louvor hei de espalhar o meu canto e rir meu riso ante o seu contentamento e derramar meu pranto pesaroso. E assim, quando me procure a morte fim de quem vive, ou a solidão fim de quem ama, eu possa dizer do amor que tive. Que (o amor) não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto perdure.

Minha interpretação, desculpe Poetinha, onde estiver, mas é irresistível sondar seu coração sempre apaixonado.

Daí, podemos entender que o poeta fazia alusão a todos os amores que viveu, sem especificidade. O que o encantava era o amor que sentia e que, mais e mais ocupava o seu pensamento. E, era preciso vive-lo em todos os momentos, inclusive em momentos vãos, inexpressivos, destes que fazem parte de nossas vidas (rotina). E em louvor ao amor eu cantarei e verterei lágrimas de pesar quando o amor se entristecer, perder o viço, para em seguida rir o meu riso de contente ao vê-lo soerguer, sustendo o meu encantamento.

O amor pelo amor, independente do objeto amado. Mudam-se as estações, o mundo permanece mundo. Assim, quando o amor se for e a solidão invadir: na falta do amor, ou no fim da jornada, ao cerrar dos olhos, ficará a certeza do amor vivido em sua plenitude. A finitude da vida terrena x a infinitude do amor.