Palavras sinceras

De alguma forma, lá estava eu, afundando novamente.

Parece destino, lá no fundo eu estava e de lá nunca havia saído.

Depois de ver que era o tolo de todos, o bobo da corte, aquele pelo qual todos montavam, riam, usavam como um brinquedo, não havia mais sentido em ser assim. Não existia mais estômago, nem mais máscaras para usar e esconder o que estava sentindo.

Sabendo a verdade, sabendo o que você era para os outros, um mero fantoche pendurado por cordas as quais eram manipuladas à maneira que queriam, agora só restar deixar pra trás e ser livre não importando como, e dando a eles o espetáculos que querem.

Não dá para negar aquele sentimento que dizia que ‘nasci para estar sozinho’, aquela voz dizendo ‘te avisei’, aquele sussurro frio que te abraça e é o único que te esquenta mesmo sendo tão frio e te avisa ‘é tarde demais’.

Meu coração está partido, e só mereço ouvir ‘tenha bons sonhos meu anjo negro’.

Assim, minha alma se acalma.

Não resta mais ninguém que queira mudar o fim da história, nem mesmo as mãos sinceras do destino, aliás, assim como ele quis, sempre quis.

O livre arbítrio contribuiu de certa forma para poder compreender, mas tão infalível quanto ele não há, o destino assim cumpriu o seu papel.

Meu coração está quebrado, estraçalhado, e cada pedaço mandado aos quatro cantos do mundo.

Por favor, é o que peço humildemente, venham, venham e me enterrem quando precisar, porque já passei para o outro lado do espelho negro, para o outro lado do desfile, eu terminei comigo mesmo, e só tenho a dizer que eles conseguiram.

Tentei ser outra coisa, mas parece que nada mudou, finalmente me encontrei lutando por uma causa perdida e finalmente percebi o que realmente sou.

Me enterrem e deixem-me a sós comigo um instante, vou curtir esta linda mentira formada acerca de mim.

Só então blindarei a passagem de volta, lacrar o limite do amanhã e evitar o nascimento do sol de cima pra baixo, porque o amor perdeu a fé no amor, e nós perdemos a fé em tudo, e eu... Bem... Eu não existo mais!

Afonso Herrera e Raoni Sanfelicce
Enviado por Afonso Herrera em 06/12/2014
Código do texto: T5060746
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