Condicional

Se eu suportasse carregar o peso desta sepultura, dentro do meus olhos a julgar pela aparência, conceberia o teu doce despertar enquanto encenaria a minha próxima tragédia. Se meus ouvidos não estivessem destruídos e minhas mãos despedaçadas, conduziria ainda o barco insano da loucura com direito aos mais esdrúxulos pleonasmos necessários à descrição da dor não de mais poder atravessar o oceano que há por aqui, perdido em algum lugar. Se as minhas flores não fossem artificiais, se os meus pés não fraquejassem, se o meus passos não se retivessem e minhas pálpebras se dilatassem eu faria o meu estômago suportar esta descida em montanha-russa que arranca calafrios até dos mais destemidos. Se eu não descobrisse a morte talvez ainda resgatasse o ânimo pescado do mais infinito do infinito em mim e o caminho talvez não me parecesse um triturador de ossos. Sem nada, contudo, ainda vou vencer a última nuvem de gafanhotos e descer sinuoso ao rio que descansa tranquilo até que possa subir novamente. Somente um punhal e uma ferida aberta. E eu sigo com mais força nos braços que nas pernas, e continuarei seguindo até que me seja negado um último suspiro. Se ainda houver horizonte...

Eu sou aquele que te trouxe o significado real do paradoxo da exceção da regra? Se eu soubesse onde fica o fim atrelaria o meu pulmão por aqui...

Regurgitado em 1 de setembro de 2009, às 03:29.

Áquila Teófilo
Enviado por Áquila Teófilo em 12/12/2014
Reeditado em 12/12/2014
Código do texto: T5066746
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