Se a órbita da terra sucumbir

Se a órbita da terra chegar a,

Certo dia, sucumbir;

Meu corpo, ao seu passo, tornar-se-á vão, feito o estrado que alinha

E balança, o cosmos universal e do nada;

Meus olhos forem remansos e lentos, feito as paisagens que consolidam a terra,

Minha ternura, então, findar-se-á na consolação

Do “quantum” se vê do arco-íris,

Caso o mundo não seja mais páreo para derrotar

A derrota que, levemente, lhe assola.

E que, detidamente, perfaz

As nuances e estigmas das coisas.

Ver-se-á, assim, que a existência – iludida de toda prepotência que de sua essência lhe é cara,

Não sobrepujará os vértices da escada ilíada (que é própria a toda Existência),

Pois dessa pura realidade jamais alguém escapou.

Sucumbiremos nós, é verdade.

Mas que reflexo terá a terra de toda essa passagem infrutífera e fugaz?

Veremos a nós mesmos, no final, como o que somos ou como a hipótese do que seríamos?

Não sucumbirá a órbita da terra:

Não estamos prontos,

Alarde diante do fato de que a própria prontidão é um devir da nossa própria existência,

E que esse espetáculo ainda não foi enxergado pelo olho secular de nossa (razão?) ilusão.

Diego Guimarães Camargo
Enviado por Diego Guimarães Camargo em 20/02/2015
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