Pôr de Lua

A lua encheu

O peito de pranto

tornou-se triste

e sempre em crescendo

ficou morta de cansaço.

A noite era fria

O céu envergonhado

Mas a bramir por vingança

escondeu-se noite adentro

e cabisbaixo ficou.

Ela, tipo contraluz

estava como sempre

fulgurante,bonita.

Os olhos mantinham-se

Expressivos

sinceros

solidários

e cinzentos.

No rosto um sorriso resgatado

Despontado a nascente

quedou-se no tempo, de um

O corpo afável e terno que prometia

esconder a lua dentro da pele

se necessário fosse.

Na cidade

encerravam ocorrências

e lojas de pronto a vestir

onde os autocarros apinhados

teimavam em deslizar.

Na rádio uma cantora rouca

De voz mal cocada

deitava fora uma canção

em que falava de um sol redondo.

Anunciava-se ainda

Uma nova marca de chicletes

Um brutal aumento da gasolina

E mais uma fábrica que encerrava

Desta vez em Paços de Ferreira.

Nas ruas protestava-se

Não contra o desemprego

Mas porque o fulano de tal

que marcava muitos golos

na terra dele

já não vinha para o Benfica.

lucianobarata
Enviado por lucianobarata em 06/06/2007
Reeditado em 09/06/2007
Código do texto: T516230