Páginas amareladas

Tive um amor à primeira vista dentro da biblioteca, ele era misterioso e em seu ar discreto um tanto charmoso. De capa preta e folhas amareladas, parecia um clássico moderno. Era o obituáro do New York Times, com o titulo de O livro das Vidas. Eu havia sido liberada mais cedo da aula, e fui bater perna pelos cantos da universidade quando o destino me fez ler este livro, mas não pense que o livro se trata da morte. Na verdade, eram as vidas que se foram. E não pense que são matéria de pessoas famosas, eram as palavras sobre seres desconhecidos que na simplicidade tornaram-se importantes. Seres que talvez eu nunca tivesse visto em um jornal, como o astronauta que resolveu ser um estilista consagrado como o Calvin Klein do espaço. Ou do cara que doou seus dólares para enfeitar Nova York com esculturas, fontes, escolas e teatros com o seu nome, se passar pelo Central Park e provavelmente ler Delacorte: Foi ele. Ou do professor doidão e apaixonado por humanidades que levava seus alunos à fazer viagens inéditas à Grécia Antiga, na Harvard. Eram pessoas que não foram conhecidas mundialmente, mas que realizando o seu sonho particular, transformaram vidas ao redor. Coloquei o livro de volta na estante, e voltei aos meus afazeres. Porém, mal imaginava que no próximo semestre da faculdade, o professor exigiria ler este livro. Mais uma vez, ele voltou à minha vida. E lendo as vidas inseridas nesses curtos páragrafos, eu posso imaginar o que seria escrito sobre mim. Eu só espero que se alguém ousar, escreva que fiz o que sempre quis: escrever.

Uma Beatriz
Enviado por Uma Beatriz em 09/04/2015
Código do texto: T5200433
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