Eu não sou Poeta

Eu não sou Poeta

Eu não sei escrever sobre amores, paixões arrebatadoras, delírios do corpo e da alma.

Meus Escritos e ditos sempre procuram ressaltar os amores mais simples, os amores suaves que envolvem nossos corações e nosso espírito.

Aprendi amar, amando, tocando, olhando, me envolvendo, aproximando ou recuando. Fui descobrindo nas vivências diárias como preservar sentimentos puros, como não se perder na fúria, no desencanto, nas frustrações, nos sentimentos desagregadores que nos isolam dos afetos.

Eu não sou Poeta

Não sei bailar nas escritas, retirando aplausos, lágrimas, sorrisos e canções. Vou vivendo, às vezes atenta, outras nem tanto aos encantos do cotidiano. A beleza não tem uma definição única , tutelada a conceitos estereotipados que excluem mais do que ajuntam, agregam

. Minha percepção de beleza está relacionada mais ao ser, ao estar, ao fazer, ao entender e ao doar.

Beleza é fundamental!

Beleza é fundamental para assegurar relações mais intensas, duradoras, infinitas. O corpo não é infinito, a beleza do corpo é passageira. A Beleza fundamental está na entrega verdadeira do nosso ser. A beleza verdadeira está no amasso da carne nem sempre firme, nem sempre macia mas sempre quente e próxima. Próxima do coração, próximo da nossa essência, que é o que nos define.

Eu não sou Poeta

Não me inspiro em nenhum famoso, imortal, autores e autoras de inúmeros títulos. Sou vulgar, sou ousada, vou lendo quem está perto, quem está dentro de mim ou quem possa me possuir, quem possa me arrebatar, quem eu possa tocar ou sentir.

E vou registrando as minhas impressões nas sensações que meu corpo sinalizam, arrepios, lágrimas, sorrisos, gargalhadas, isolamento, aconchego.

Eu quero aprender a ser Poetisa

Quero registrar em folhas brancas, o que meus olhos contemplam e meu coração acolhe. Quero deixar para o futuro como eu vi as pessoas, as coisas, as cores e as luzes que enfeitam meus caminhos.

Quero poetizar minha Fé, quero que minha Ancestralidade marque vidas como marca a minha, como me leva a caminhos impensáveis, como me leva a pessoas encantadas.

Quero Poetizar as Mulheres Negras, que fazem da sua existência uma lida árdua e constante. Que não se abatem na dor mas encontram forças nas experiências de suas pares, no afeto de suas irmãs, na força das Yabás.

Quero Poetizar as Lésbicas, quero que seus amores, suas paixões serenas ou desenfreadas, contínuas ou pontuais inspirem quaisquer forma de amar. Inspirem a beleza para além da carne, do sexo ou das forças ardentes dos encontros de corpos biologicamente iguais e das almas espiritualmente desiguais.

Quero Poetizar as Mulheres de Axé, as Mulheres de Santos, as Mulheres de Orixás. Quero levar aos quatro elementos Água, Fogo, Ar e Terra que toda força contidas neles as impulsionam a caminhar, a celebrar, a perpetuar. Quero exercitar a escuta qualificada e perceber pelo cheiro, pelo sabor, pelo abençoar que nada é acaso, que nada é jogado mas que tudo é preparado em outro plano astral.

Enfim, quero Poetizar para aprender a seguir passos firmes, para me deixar inspirar por quem sempre escreveu, poetizou sem a pretensão de ser Imortalizada.

Quero Poetizar para exercitar a humildade de quem sempre foi Mestra sem contar seus discípulos.

Quero Poetizar para quebrar paradigmas de que nossa inteligência é emocional, que nossos escritos e ditos se acabam no fogão e que nossa essência é ser sempre mãe.

Quero Poetizar para entender os momentos de revelação, os momentos de chamados, os momentos de gratidão de está num Solo Sagrado recebendo Aclamação

Altamira Simões
Enviado por Altamira Simões em 12/04/2015
Código do texto: T5204593
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