Observando a Vida

Gosto de acompanhar metamorfose de mulher quando engravida e gargalhar do equívoco que lhe empina o ventre querendo explodir pra frente!

Gosto de me assustar com a menina que já dança aos braços de um jovem de barda rasteira, lhe fazendo faceira... E de pasmar os olhos, quando, às ruas estreitas, antiga casa toda caiada, exala cheiro bom, choro de bebê... Coisa boa de vê!

Viver é que nem torneira aberta jorrando água!

Agua que escorre e faz trilha no chão virando rio na imaginação que cresce e vai longe, como o fio de lã que escapa do chalé de tia Edith. E o mesmo fio vira casaquinho, manta, e a linha mágica, ainda transforma-se em biquinhos coloridos que mais parecem passarinhos atados ao pano da cozinha.

Vivendo aprendo, que, o que se tinge desbota!

O que se ergue também tomba!

E que, a esperança não morre. Apenas adormece, descansa...

Onde se nega um chamego, escapa um gemido.

Onde habita um sorriso, esconde-se uma queixa.

Onde muito se doa, mora um pedido...

E ao que fenece, há sempre uma prece...

Vivendo, aprendi que o céu é o mesmo, mas de muitas luas, que da janela, ao leito que me deito às vezes quente, às vezes frio, o amor que antes era constante, hoje, faz tempo de estio.

Marisa Rosa Cabral.

Marisa Rosa
Enviado por Marisa Rosa em 10/06/2007
Reeditado em 13/10/2013
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