Passarinho Miúdo
A terra por entre os dedos dos pés, o balanço das palmeiras baixas e o canto daqueles pássaros que já não me lembro mais. E aquele cheiro de mato quente pelo calor que este sim, a minha pele ainda sente, e o pior, sente falta.
A terra de Til do velho Alencar e som das águas daquele eterno rio. Seria essa mais uma canção de exilio? Ou a saudade da terra e ânsia de voltar para o lugar que talvez nunca devesse ter saído? Não, é canto de um passarinho miúdo que resolveu bater asas e seguiu uma corrente estranha e que agora busca um maneira de encontrar-se no meio dessa confusão de lugares.
Esse passarinho vê na terra dos pias e das gurias um ego maçante gerador de ódio e tristeza onde os sabiás e tantos outros passarinhos são mortos por estilingues de crianças mimadas com suas bocas meladas dos doces que o dinheiro comprou para eles em alguma lojinha requintada.
E aquele sentimento de culpa surge. Em que momento o bater de asas falhou? Equivocou-se, deveria ter virado em Albuquerque e partido outra vez rumo a um caminho paradoxo que a cada dia que passa fica falho na memória? Til deveria ter ido para o Rio junto com o rapazola que a amava, mas talvez foi sábia ninguém gostaria de ver nossa heroína como um passarinho miúdo morto pela pedra de um estilingue qualquer.
É assim que o coração pulsa, é assim que a alma chora quando sente saudade, isso é a saudade perder o rumo, não ter onde pisar, mas antes de tudo, tenta-se descobrir a causa de tal, sem lembrar-se que, para bem ou para mal... isso um dia acaba e que o restará será nada além de palavras perdidas no ar e falhas no corações que resistiram e que agora continua a pulsar..