Sentimentalismo

Nem seria o timbre da voz, nem o toque da mão em minha pele. Abstenho-me de tanto sentimentalismo. Abster-me do romantismo inato da sensação de, sob ti, avistar teus olhos. Não saberia descrevê-los. Um misto de dor e instinto, animalia e paixão? Choro. Choro pelo silêncio. Olhos e lágrimas são um espaço tênue quando referente a ti. Ainda mais quando faz-se presente a ausência das palavras, do afeto que, mesmo longínquo, tão significativo me é. Amor é a porta ao ódio, e eu não saberia abri-la. Minha loucura é o bastante enquanto contorço-me em mim, quando minha cabeça faz voltas e voltas em torno do nada. Do nada que declaraste. E, evitando o sentimentalismo, fora ele o artifício motor para escrever sobre ti. Seria o timbre da voz, o toque da mão em minha pele. Esses olhos famintos, esses olhos em vezes tristes. Querê-los tanto não queria eu. Pois o fiz. E mesmo minha verborragia sendo inútil tal qual essas pequenas decepções correntes, amo-o. Sem palavras. Sem nomes. Sem conceitos.