SEMPRE PODE SER MAIO OUTRA VEZ

De uns tempos pra cá comecei a entender algo que enquanto eu tinha a ideia de muita vida pela frente, sempre me foi um tanto vago....Estou constatando muito claramente agora que, apesar de o corpo já mostrar as marcas e nem sempre o passo levar os meus pés com a mesma facilidade , por dentro eu sou a mesma. Posso estar com cinco anos, observando com curiosidade o estúdio do fotógrafo que tenta me fazer sorrir em vão. Posso ter quinze anos e andar pelas ruas com as amigas, em um instante , basta sentir um perfume de flores ao qual associei este momento da minha vida. Sou a noiva saindo pela porta da casa , ouço o ruído do trânisto e sinto o ar fresco do dia que já vai indo naquele mês de maio, e maio é sempre que uma certa luz e um sol menos bravo reaparecerem, e tudo gira como num carrossel que a gente espreita querendo ver novamente o que já passou e pode surgir sempre nas voltas de dentro e da memória.

Viver tal descoberta é realmente sentir como é ilusória esta medida arbitrária que nos aprisiona e limita a relógios e calendários. Viver isso é ao mesmo tempo incômodo e instigante, é a prova da nossa enternidade enquanto duramos.. duramos... Parar de contar os anos , as horas, os dias, essa é uma coisa que começo a aprender a fazer... finalmente!!!