a vela crepita...

a vela crepita na escura penumbra da casa, nem só penumbra, nem só escuridão, tem suas luzes de fogo e vento que o outono traz, o sereno revela o texto em silêncio e a lembrança do amigo distante. o sopro austero de dentro pra fora em meu ouvido de cera, a vela me encerra aos poucos o tempo que me resta - não resta muito de mim no final do dia-.;eu velo a vida com as mãos em concha, guardando a chama, a energia falta ou deu curto na estalagem da casa. não é aniversário de ninguém nem desejo se faz, quando a última modelagem dessa escultura se derreter no pratinho de porcelana... e como oração que termina eu suspiro e meus olhos se fecham lentamente no pavio fino findo que a noite draga.

Rio/2015.

Alessandra Espínola
Enviado por Alessandra Espínola em 01/06/2015
Reeditado em 12/07/2016
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