Sobrevoando o Tempo.
Havia um céu azul naquele domingo de junho que me trazia uma vontade de voar. O sonho de estar voando era sempre recorrente. Lá embaixo as pessoas, mas que não me viam, por mais que acenasse ou tentasse chamá-las, a voz não saía... Voava sozinho, flutuando neste espaço, sem relógio no pulso, sem óculos (incrivelmente enxergava sem eles!), acho também que estava nu e não tinha mais vontade de chorar e nem dar gargalhadas em rodas de bêbados ocos feito cascas de madeira que um dia foram um tronco, uma madeira bem antiga, talvez mais antiga que o tempo... De repente surgiram ouvidos, e sons de motores, máquinas, passos, gritos histéricos, resmungos, transeuntes apressados comendo enquanto andavam de um lado para outro, ao mesmo tempo falando ao celular... Negócios! Milhares de negócios! E novamente me via com os olhos abertos, deitado na cama... O cobertor caíra durante a noite... E fazia frio, como fazia frio...