CRAVEJADO

Soberano e inconteste

És a raspa, és o mel

Claves e sol no céu

E os arpejos a bailar, pernósticos.

Leves como a pluma

Na leda e maltratada bruma

A revelar minúcias, a esmo.

Há de ter a cisma

- tal tempero -

Extravasa e vai... Sai-me.

Atmosfera plena

Imensa e interna pena

A bradar rumores lisos

A relinchar baixinho

Todas as letras

Todas minhas.

Maneira viscosa de rasgar a alma

Em camadas cegas, sonhos planos

Houvera um mancebo recortado pelo tempo

Anestesiado.

Exsuda seiva, flui o tempo

Como cadeirinhas de balanço

Enquanto janto minhas memórias

Enquanto me guardo em caixa estanque.

Não há aparas a me ceifarem

Não há segredos a me tolherem

Nem o lápis a me debutar...

Há só o espelho, o sorriso e aquele olor de pecado.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 10/06/2015
Reeditado em 10/06/2015
Código do texto: T5272777
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