CRAVEJADO
Soberano e inconteste
És a raspa, és o mel
Claves e sol no céu
E os arpejos a bailar, pernósticos.
Leves como a pluma
Na leda e maltratada bruma
A revelar minúcias, a esmo.
Há de ter a cisma
- tal tempero -
Extravasa e vai... Sai-me.
Atmosfera plena
Imensa e interna pena
A bradar rumores lisos
A relinchar baixinho
Todas as letras
Todas minhas.
Maneira viscosa de rasgar a alma
Em camadas cegas, sonhos planos
Houvera um mancebo recortado pelo tempo
Anestesiado.
Exsuda seiva, flui o tempo
Como cadeirinhas de balanço
Enquanto janto minhas memórias
Enquanto me guardo em caixa estanque.
Não há aparas a me ceifarem
Não há segredos a me tolherem
Nem o lápis a me debutar...
Há só o espelho, o sorriso e aquele olor de pecado.