Déjà Vu

Querendo que fosse a primeira vez, vejo,

Mas nada acontece, parece uma reprise.

Ali estático, como se nada houvesse,

Como se nada importasse, importa?

Muitas coisas foram deixadas,

Nenhuma delas faz falta, imagino,

Algumas têm de ser jogadas fora,

Muitas serão deixadas para trás.

Tantos sonhos nós deixamos, esquecendo-os,

Muitos outros fingimos não perder.

A vida pode-se dizer um delírio,

Porque é assim que a vivemos.

Mas continuo ali, estátua,

Como se o mundo fosse um simples jogo.

Aqui morro, aos poucos, parece o fim.

Como sempre pareceu, déjà vu.

O tempo nasceu para ser morto,

Segundo a segundo, cada qual com suas nuances.

Sempre ali, a cada segundo, parado,

Como se fosse alguém, meu déjà vu.

Perdido em delírios, sempre você,

Por entre estradas desertas e montanhas

Deslumbrando novos lugares, imaginários,

Tais sempre sonhados. Sempre além.

Ali largado, acredita ser sonho?

Além do horizonte, posso ser você?

A imagem intacta, morto só pode estar.

Parado, perdido, imaginando, déjà vu.

E num piscar de olhos, déjà vu?

Cadê? Adeus quase doce amor.

Perde-se por entre a multidão.

Quem sabe na próxima? Quem sabe amanhã?

Novecaldas
Enviado por Novecaldas em 15/06/2007
Reeditado em 20/06/2007
Código do texto: T528589