O amor cura

Amor: que dizer dessa força estranha que nos nutre, nos impulsiona? Fiz um exercício para dividir contigo.

Pra começar o papo, você não deve confundir o amor força nutridora, que nos cura, com amor substantivo, que é apenas nome. Sabe, esse aí que te deixa suspirando pelos cantos?

Esse amor é perigoso, é amor que nomeia apenas. Pode até inebriar, como o sentimento de Narciso. Que no êxtase da contemplação se joga no rio. Mas não nutre, não cura.

Agora, amor, amor que cura é diferente.

Veja bem. Se te amo e sinto na alma esse amor, que dom curativo posso te doar ou dividir contigo? Se esse egoístico amor, mesmo que constantemente mentalizado, em nada se transforma e fica apenas com o "amador"?

Se te amo e digo que te amo parece diferente. Você fica feliz e, naquele instante, sabe-se amado. No fundo sabes também que são apenas palavras, palavras.

Mas se eu viajo 350 km (umas seis horas sentada numa poltrona desconfortável) para passar umas poucas horas ao seu lado... Então, você sente o amor que eu trouxe e te entrego. E esse amor te nutre e te cura porque a energia despendida na ação está ali. Esse amor de troca nos torna fortes, nos impulsiona. A nós dois. E o amor só tem sentido assim, quando é ação, quando é para além de mim.

E... se você me ama em silêncio, que benefício existe neste amor? Para mim ou para ti, mesmo que mentalmente me desejes o bem?

Se você diz que me ama, fico feliz naquele instante, e me sabendo amada, me inebrio. Ainda assim, a força do amor que cura, que impulsiona, não é feita de palavras.

Mas se você se levanta às seis da manhã, após uma noite mal dormida, enfrenta frio e neblina para que eu não perca um compromisso, esse amor me nutre e me cura porque ele é ação. A energia de troca nos torna fortes e nos impulsiona. Porque amor que cura é assim, energia da ação para além do eu, além do ego.

E qualquer elixir fruto de amor/ação, quer seja um xarope feito em meio a cânticos, quer uma cerveja escolhida e cuidada, quer um suco de laranja carinhoso ou o café quase esquecido, é capaz de curar, nutrir, o corpo e a alma.

Porque amor que cura é verbo.