Pedaço

Em algum lugar me deixei para trás, fiz como se faz uma trilha de migalhas de pão, deixando as mãos, os olhos a boca... e por último, os pés. Aqui agora não há brisa nem calor, não há refresco nem agasalho, não há nada em mim, não há nada em volta. Nem sequer as vozes surtem efeito, nem os dentes que sorriem para mim tem algum significado.

Buscando no que me resta de memória do pouco que também vou me desfazendo, penso onde comecei a me desmontar, mas principalmente desde aquele tempo até agora, automaticamente tenho vontade de me deixar de vez.

Com o pouco que me resta do pouco que tenho e já joguei fora mais um pedacinho, a caneta suave corre a folha de papel, tentando encontrar rápido uma resposta para a pergunta que não havia sido feita mas existia.

Onde estava a menininha linda que eu era? Ela está no final daquele corredor sem fim chorando de decepção da mulher que reina no corpo que um dia se divertira tanto nos parquinhos.

O erro estava no simples fato de sua existência ou o erro vinha de uma escolha? Malditos sejam os dois! Não... ainda não deixei o coração para trás. É ele que pede socorro, grita com todas as forças para que exista um último suspiro.

Peço auxílio na existência e na história do meu próprio ser para voltar e recolher cada migalha de mim que o vento ou a terra levaram e evitar que isso algum dia volte a ocorrer. Que no fim daquele corredor surja eu inteira e feliz.

Lorraine D
Enviado por Lorraine D em 26/06/2015
Código do texto: T5290918
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