Direções.
Esquadrinhei um sorriso claro num devaneio maduro,
Reativando a aspiração incontida de conseguir voltar,
Chamei a lucidez na estação onde tudo estava escuro,
Olhando para trás nas direções do meu próprio versejar,
Remoí minhas omissões contemplando o passado,
Espanei no entardecer a poeira trazida da estrada,
Lá fora o rastro indefinido do que foi posto de lado,
Aqui dentro ao pé do oitão apontamentos do nada,
Com vertentes d’água no olhar sovei lembranças,
Na observação da estrela que se postou na vidraça,
Mil rumores imaginários noticiando as festanças,
Cruzando informações diante o tempo que passa,
Nas linhas eu me perfilho junto ao tempo que se foi,
Em ilusões sinto a vibração de alguém para escutar,
Escoltei mil sonhos antigos vindos em carreta de boi,
Que ficarão na história através do tempo a me esperar,
Comecei a escrever e desde essa feita me reconheço,
Estando entre os humildes num repertório sem luxo,
Acendem-se os cuidados para seguir no que mereço,
Reinventando-me nos caminhos do meu coração gaúcho...