Musas inquietantes - II

É azul primeiro, um azul quase verde, um verde bem azulado, tudo parecendo um pouco água de lago, lago de casa. Depois é marrom com cinza, cinza com marrom, indistinto. Possui recortes pretos retangulares, os tamanhos são diversos, mas são todos retangulares; o preto atravessa o cinzamarrom e se confunde nele, enegrecendo-o, intensificando a indistinção.

A partir daí é laranja, um laranja cremoso, duro, porém cremoso. Cremoso porque escorre em ciclos repetidos, passo a passo, idênticos, uniformes, uma curva arredondada, então desce reto, como em desespero de queda, uma curva arredondada, então desce, etc. Assim é o laranja cremoso, duro, porém cremoso. Figura - onde o ciclo não se realiza - um degradê do preto ao cinzamarrom, como se uma cascata corresse de antes a depois, de alto a baixo, cascateando, desfalecendo depois de tanto vigor. Por preencher as ausências cíclicas o degradê (de preto a cinzamarrom) descreve outro padrão de repetição onde o laranja cremoso, duro, porém cremoso, ausenta-se.

Uma pequena figura esbranquiçada posiciona-se de fronte os angulares arcos e ergue uma porção superior de si para proteger a esfera, interligada ao resto, em seu topo da luminosidade que a atinge. Ao lado da figura branca há uma porção quadrangular preta horizontalmente disposta, parece emoldurada pelo marrom do plano de sustentação da figura branca, mas é impossível dizer pela não coincidência.

O imenso Aevum não soa ainda, mas se pode prever que irá; o trem logo partirá; são seis para as três.