Procrastinando a Síntese
PROCRASTINANDO A SÍNTESE
Vi pedaços de céu, espalhados pelo chão;
Vi nuvens amareladas pelo tempo, em devaneios;
Vi uma Lua cansada, abrigar-se no mar;
Escutei um vento perdido clamar calmaria;
O choro das águas no colo da terra, engravidar uma nascente;
E vi ondas de um mar preguiçoso
Matar a areia de sede por tanto amá-lo.
Vi poetas em camisa de força dizendo: POESIA É LOUCURA!
Vi músicos fecharem janelas,
Caneta nas mãos de compositores, vomitarem tinta por falta de palavras!!
Eu vi a frieza do comodismo,
A insensibilidade das controvérsias
E vi também, cartas de Deus jogadas em lixeiras,
Para que não vissem asas de anjos presas nas garras de homens.
Vi a luz do dia pedindo abrigo às sombras;
Vi a noite assustada pedindo colo à criança;
Vi o homem despido de sonhos, viver pesadelos...
Também vi um universo ajoelhado pedir clemência ao cosmos,
Na esperança de ter um novo começo e rever outros conceitos.
Agora,
São os sinos das igrejas tão respeitados
Que mais parecem barulhentos chocalhos...
Não há mais preces, abnegações, nem esperança,
Porque do que vi, ficou a pergunta...