Procrastinando a Síntese

PROCRASTINANDO A SÍNTESE

Vi pedaços de céu, espalhados pelo chão;

Vi nuvens amareladas pelo tempo, em devaneios;

Vi uma Lua cansada, abrigar-se no mar;

Escutei um vento perdido clamar calmaria;

O choro das águas no colo da terra, engravidar uma nascente;

E vi ondas de um mar preguiçoso

Matar a areia de sede por tanto amá-lo.

Vi poetas em camisa de força dizendo: POESIA É LOUCURA!

Vi músicos fecharem janelas,

Caneta nas mãos de compositores, vomitarem tinta por falta de palavras!!

Eu vi a frieza do comodismo,

A insensibilidade das controvérsias

E vi também, cartas de Deus jogadas em lixeiras,

Para que não vissem asas de anjos presas nas garras de homens.

Vi a luz do dia pedindo abrigo às sombras;

Vi a noite assustada pedindo colo à criança;

Vi o homem despido de sonhos, viver pesadelos...

Também vi um universo ajoelhado pedir clemência ao cosmos,

Na esperança de ter um novo começo e rever outros conceitos.

Agora,

São os sinos das igrejas tão respeitados

Que mais parecem barulhentos chocalhos...

Não há mais preces, abnegações, nem esperança,

Porque do que vi, ficou a pergunta...

Marinez Novaes
Enviado por Marinez Novaes em 12/07/2015
Reeditado em 03/09/2015
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