MENINA DE RUA
MENINA DE RUA
Vi a menina era uma graça,
Olhava a rua, olhava a praça,
a cara não era boa, estava suja.
Estava aflita de desgraça!
ninguém via a menina senão
a praça que era inerte e não
via nada! Assim como a praça,
eram todos inertes, ninguém
via a graça, que era a menina!
De tão sofrida seu rosto mostrava,
a marca do desamor que por
ironia era dos humanos!
A menina me olhava de soslaio.
Me pedia calada que lhe desse algo
para matar a fome da necessidade,
talvez a fome física que a atormentava.
Vivia a ética do estômago que é voraz,
que transforma o homem no que não é capaz.
O Brasil faz um gol a massa goza atordoada,
esquece a sua própria desgraça e também
suas crianças pueris abandonadas!
Desnudas de quase tudo, de quase roupa,
que era rasgada, e a galera extasiada,
mais um gol e a menina não tinha nada!
Mas, a moçada rugia embriagada, pelo
ópio do povo o futebol, onde cada gol
custa uma bordoada na cabeça dos quase nada!
Vi a menina na encruzilhada apenas uma das
muitas abandonadas!
José Antonio da Silva – Cabo Frio, 30/06/2010.