auto manifesto

Hoje queria declarar que todos meus fantasmas foram enfrentados e exorcizados, mas isso ainda é pouco, quero come-los todos, quero que meu inferno me alimente e taque fogo em cada ação que faça. Quero que as almas, penas ou não, habitem em cada ação minha. Quero que meu grito artístico tenha a força de multidões correndo nas ruas, quero que contenha o último suspiro desesperado do suicida, quero tudo que é sujo e tudo que é sublime. Quero que os abismos habitem em mim.

Fantasmas vou devora-los, um a um. E de toda a grande noite que já enfrentei, também conhecida como depressão, nasça flores do asfalto, que ela me erga e me dê a fome necessária para abraçar o mundo. Durante o desespero, e mesmo durante os colapsos nos perdemos, perdemos a direção, perdemos a noção de espaço e tempo, e isso nos dá uma liberdade única, a liberdade do não sei, a liberdade dos mares nunca dantes navegados. Sim já enfrentei várias e várias mortes, desde amorosas que doem o coração até hoje, que perdeu sua virgindade e esta amadurecido diante de tantas cicatrizes, até aquela morte lenta e sem dor. Que nos faz desejar a dor, que não é nada além de muro que nos cerca. Escrevo isso com a ferocidade de quem tem fome por vida, fome por renascer, mesmo diante de tantas sombras e fantasmas. E com eles quebrar a canoinha do amor e ter o poder de uma fragata. Escrevo com a fome dos desesperados, que buscam o céu estando na lama.

Mortes e fantasmas me alimentem, que me tornem um artista capaz de levar multidões por onde passam.

E imensa gratidão pelos companheiros de viagem que estiveram comigo nesse processo todo