Musas inquietantes - III

São listras descendo retas à esquerda, alternando-se entre amarelo, laranja e vermelho, há duas vermelhas, as outras há mais. Atrás delas há uma sombra arredondada em cima, reta embaixo, coberta por sua forma complementar em laranja (escurecido em degradê), entrecortado por uma descendência negra, que se atravessa com outro padrão. Este se estende mais e mais enquanto se afasta do primeiro e se aproxima do caminho dourado.

O caminho dourado desce do pequeno encadeamento cinza-quase-preto muito distante, que liberta branco deformado ao verde-quase-branco. Logo na altura dele se vê uma pequena figura laranja-muito-forte, ela produz sombra em sua própria forma, levemente para a esquerda, em diagonal sutil consigo mesma. A sombra é preta.

O caminho dourado mistura-se com o segundo padrão, interrompendo seus sustentáculos e produzindo uma qualidade única. Abaixo dele a segunda superfície, não em si, mas em seu resíduo, toma forma trapezoidal e escurece muito ainda que, à frente do trapezoide, o caminho dourado resista fortemente, tentando o máximo que pode se espalhar, como água que corre e cai, mas água não é dourada, o caminho dourado é. Muito ao fundo, ao lado do encadeamento acinzentado-quase-preto, jaz um retângulo imperfeito ascendente de vermelho-quase-barro, um tom curioso, está cortado por um círculo branco com símbolos pretos e duas semirretas pretas também, movem-se elas.

Abaixo e muito próximo, quase dentro, vê-se o mesmo vermelho-quase-barro sustentando dois acúmulos de verdes e amarelos, uma característica bastante comum, era de se esperar. Acima, numa diagonal muito estrita e precisa, um padrão preto de pequenos retângulos - mais largos que altos - corta o verde-quase-branco do fundo e o vermelho-quase-barro que ascende (com seu círculo branco de símbolos e semirretas pretos) impiedosamente, indistintamente sobrepõe-se, vem à frente sem pudor; curva-se ao lado antes do caminho dourado e avança cegamente até o encadeamento cinza.

Aevum já trovejou da parede; o trem partiu de Montparnasse, esfumaçando o ar e o céu. Da janela se vê o mundo acelerar mais e mais.