A quietude da cidade é aterradora...
Todos saíram como pássaros em arribação
atraídos pela água,o verde,o silêncio,
à procura da vida...
Deixaram suas janelas cerradas como
olhos cansados,sonolentos...
Seus relógios com o ponteiro vermelho
dos segundos movendo-se silencioso,
num ritmo pálido,fatigado de si mesmo,
esperando a batida final  que jamais
voltará ao momento da partida...
Na rua árvores fálicas encontram um
nevoeiro úmido que borra seus contornos
dando a sensação de um céu sujo e esgotado...
No domingo retornarão ao cotidiano,a prisão
de suas gaiolas com o tupor da vida ressurgindo
nas ruas em eterno burburinho...
Chegarão com o frio gélido do cansaço no corpo,
nos olhos glaciais;voltando à seus dias,suas contas,
sentindo como se avelhice chegasse sem pressa
e os tomasse de surpresa batendo em sua caixa
de correio enferrujada...
No calendário do passado os números olham
de relance os dias marcados,esquecidos...
No final da rua uma loja de flores_
                             Mil naturezas mortas...